segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ceará: Planeta Hip Hop

Dragão do Mar

O encontro pela dança

Todo sábado à noite tem roda de break sob o planetário do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. O encontro é o lado mais visível para o grande público da força que a cultura hip hop tem no Ceará


03 Out 2009 - 17h29min

Dançarinos de várias partes da cidade se reúne aos sábados para desafios no Dragão do Mar(Foto: GEORGIA SANTIAGO)
Embora o hip hop não tenha um calendário fixo de eventos, a turma do break sabe muito bem onde se encontrar toda semana: debaixo do planetário, no Centro Dragão do Mar. A partir das 19 horas do sábado, o DJ Flip Jay, do grupo Costa a Costa, liga as pick-ups, abre o case de vinis e coloca um som para rolar. De base, ele utiliza o funk de James Brown e dos americanos reis do suingue. A música negra está ali na sua forma mais dançante - é até difícil controlar-se e não arriscar um passinho, mesmo que se esteja recostado em uma das colunas do lugar.

Seguindo a circunferência do planetário, os b-boys vão se acumulando. Grupos do João XXIII, Henrique Jorge, Mucuripe, Bela Vista, Barra do Ceará, Álvaro Weyne e Granja Portugal são somente alguns que estão sempre lá. ``Muitos vêm para dançar por dançar, mas sempre rola uma competição. Nada oficial, somente pela brincadeira e pela disputa de egos``, garante o DJ.

Os mais experientes começam o aquecimento e vão revezando-se no meio da roda. As rápidas exibições de flexibilidade e ritmo logo tornam-se mais complexas. Os meninos dos bairros desafiam uns aos outros e cada um que gire e dance mais que o outro.

Estilo
Na roda, um participante destaca-se. Cícero Rodrigues tem 16 anos, mas é pequenininho, franzino e capaz de colocar os pés por trás da cabeça e sustentar o corpo com os braços fininhos. Cheio de estilo, com somente uma perna da calça arregaçada, ele domina o racha de break e compete de igual para igual com os mais experientes. Impressionantemente, faz cinco meses que Rodrigues começou a dançar. Morador do Henrique Jorge, aprendeu com um professor no bairro e depois ficou treinando sozinho. E como é que tu é mole desse jeito, menino? ``Sei lá, acho que sempre fui``, responde, ansioso para retornar à dinâmica da roda.

Tímidos em outro um outro canto do planetário, o trio Erick da Silva, 16, José Claudemir, 15, e Francisco Ézio, 16, são estudantes e moram no Bom Jardim. Os garotos sempre gostaram de hip hop e, em uma oficina do movimento MH2O na escola, aprenderam o break. Na verdade, eles ainda estão aprendendo a dançar. Ensaiam todos os dias no colégio e já sonham em se profissionalizar. Outro pequeno na roda é Samuel Nepomuceno de Souza, 12, do São Vicente. É b-boy há dois meses. E tu já tem coragem de entrar na roda? ``Eu tenho``, responde, gabola.

(Alinne Rodrigues)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente esta matéria e participe ativamente do dia a dia da maior Organização de Hip Hop do Brasil