Inquietas e agoniadas, elas aguardam a festa começar. Os pés balançam de impaciência. Sentadas nos banco de madeira, olham para o centro do Espaço de Convivência, cochicham e acham graça. Vê-se que separaram a melhor roupa. Algumas poucas usam maquiagem. Outras não demonstram muito interesse. Em todas, ao redor do punho, uma pulseira de papel azul com lacre serve para identificá-las e distingui-las dos demais: são internas do Instituto Penal Feminino (IPF) Desembargadora Auri Moura Costa, único presídio destinado às mulheres no Ceará. Na manhã da última terça, a maior parte das 241 mulheres que se "escondem" no presídio - o termo é usado como estadia, pois elas não consideram morar no presídio - encontrava-se no pátio da instituição para comemorar a festa de Natal, na qual apresentaram uma peça teatral e o resultado das oficinas de rap, dança de rua e grafite, promovidas pelo MH2O (Movimento Hip Hop Organizado).A batida no ambiente
Ao centro, caracterizadas com blusas folgadas e bermudões, tentaram retratar um pouco do que vivem nas celas. Os versos do rap foram compostos pelas próprias internas, com a ajuda de integrantes do MH2O. "Sou presidiária tenho muito pra ensinar/ o mundo do crime não tem nada pra me dar/ Só cadeia pra puxar". Aplausos fervorosos das companheiras. Em seguida, outro grupo apresenta a coreografia da dança de rua. As mulheres discutiam quem dançava melhor. Para Érica, era uma morena de rosa da ala C. Dalvonete defendia que a melhor dançarina era a loirinha de cabelo amarrado. Uma das mulheres da platéia se levanta e acompanha os passos. "Pode ser um pouco, só esse pedaço de tempo, mas ajuda a gente a esquecer o que tem aqui.
Qualquer ato se torna muito importante para elas, que têm que enfrentar a saudade, a privação da liberdade", disse a diretora do IPF. Patrícia Bitencourt, coordenadora do MH2O disse que aprendeu mais que ensinou. "A gente vê a vontade delas de fazer, de aprender. Percebemos que plantamos uma semente, esperamos colher os frutos".
Informou MH2O do Ceará
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