segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Garotos recuperam auto-estima e projetam o futuro "pelas mãos" do MH2O


Iracema Sales Repórter


CULTURA HIP-HOP



Movimento luta contra violência´Vim de gangue, mas já salvei muita gente´, faz o mea culpa, Rogério Chaves, conhecido como ´Babau´, coordenador nacional do Movimento Hip-Hop Organizado (MH2O). A declaração que, à primeira vista, pode parecer dura, já fez parte do dia-a-dia dos jovens da Serrinha, bairro situado numa área carente da Cidade onde o MH2O atua desde 1997. Na época, Rogério Chaves tinha apenas 16 anos e confessa: ´Me incomodava ver que a juventude estava se matando´.


Apesar da pouca idade, o adolescente resolveu que era necessário fazer algum tipo de intervenção na juventude do bairro. Mas confessa: ´A tarefa não era fácil´, justificando que as drogas e o crime eram mais atrativos. O MH2O, movimento que existe há quase 20 anos, afirma foi a solução que encontrou para juntar os jovens. ´Era difícil chegar até eles´, lembra, já que os jovens querem resultados imediatos.


Neste aspecto, o crime e as drogas seduzem mais, porque oferecem dinheiro. Sem trabalho, os jovens são presas fáceis, reconhece. Rogério Chaves lamenta que muitos morreram sem ter sequer conhecido o MH2O.´


A juventude da Serrinha estava se autodestruindo´, lembra hoje, aos 27 anos, quando trava uma nova luta. Desta vez, a empreitada é contra o crack. ´Naquela época existiam mais de 20 gangues no bairro e os seus integrantes brigavam entre si´. A missão do adolescente era chamar os jovens para refletir sobre esta realidade .


A linguagem jovem, a dança, o grafite e a música. Estes foram os ingredientes utilizados por Rogério Chaves para atrair os jovens. ´Felizmente a gente conseguiu reverter a situação´. As gangues se acabaram no bairro e muitos jovens encontraram no movimento até uma forma de ganhar a vida.


Harisson da Silva Venâncio, 17 anos, 2ª série do Ensino Médio, por exemplo, poderia ter seguido um outro caminho na vida, caso não tivesse entrado para o movimento. Ele ingressou no MH2O aos 12 anos e revela: ´Não fazia nada. Só vivia no meio da rua jogando bola´. O garoto acabou se identificando com a dança. ´Faço o que gosto e consegui trazer muitos amigos para o movimento também´. O jovem promete continuar na dança e tentando dividir o que aprende com os amigos.
Fonte: Matéria "A ARTE DÁ O TOM" publicada no Caderno Cidade do Jornal Diário do Nordeste em 12/10/2007.

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